DESGARRADO

LÍMPIDO, O CÉU SE MOSTRAVA,
NEMHUMA NUVEM MOLDAVA,
NO AZUL UMA FORMA QUALQUER.


E NA RASTEIRA SAVANA,
DEITADA, ESCONDIDA NA GRAMA,
ESTAVA A LEOA A ESPREITAR.


NÃO LONGE DALI ,OS FILHOTES,
SÓ ESPERAVAM QUE A SORTE,
PUDESSE A MÃE AJUDAR.


SURGE DESGARRADA,UMA ZEBRA,
JOVEM,ASSUSTADA E SURPRESA,
SEM ATINAR ONDE ESTÁ.

E A FERA...A FERA?
COMO BOA MÃE QUE ERA,
PÕE-SE LOGO A ATACAR.

CORREM DAQUI E DALI,
A ZEBRA TENTA FUGIR,
TENTA A LEOA MATAR.

MATAR PELA SOBREVIVÊNCIA,
INSTINTO QUE TEM CONIVÊNCIA,
COM A ETERNA PROVIDÊNCIA.

NA LUTA DESESPERADA,
A ZEBRA CAI MASSACRADA,
E A LEOA LAUREADA.

NO ESTERTOR DA AGONIA,
O ÓDIO NÃO EXISTIA,
NEM NA ALGOZ NEM NA VÍTIMA.

DO CORPO DESCONJUNTADO,
PEDAÇOS ENSANGUENTADOS,
DELEITAM-SE AS JOVENS CRIAS.

SÓ A FOME SACIADA,
SUA PROLE ALIMENTADA,
DORME A FERA SOSSEGADA.

JÁ O HOMEM SER PENSANTE,
É DA CAÇA PRATICANTE,
TEM GOSTO EM ASSASSINAR.

E QUANDO O ORGULHO ECLODE,
TODO MAU CARÁTER EXPLODE,
MATA O IRMÃO SEM PISCAR.

ATÉ QUANDO VAI BROTAR,
A INSENSATEZ DO CRIME,
E O HOMEM NÃO SE REDIME?

DOS PLANOS CELESTIAIS,
OUVEM-SE OS LAMENTOS,OS AIS,
DAS VÍTIMAS,POBRES MORTAIS.

E RUGE A LEOA FAMINTA,
FAREJANDO O DESGARRADO,
DO CAMINHO DESVIADO.

AUTORIA DE MABEL SALES SANTOS ALCOFORADO.